A dialética a respeito dos limites entre o público e o privado inquieta o humano há muito tempo, admitindo contornos diversos que acompanham as tendências de uma época.
Nos dias atuais, “Nenhum outro lema domina atualmente tanto o discurso público como a transparência”, anuncia-nos o filósofo Byung-Chul Han no ensaio intitulado A sociedade da transparência (Berlim, 2012). Bassols, ao acrescentar ao título do ensaio o adendo ‘opacidade da intimidade’, denuncia que “não há, contudo, imperativo do supereu sem o retorno paradoxal daquilo que ele tenta liquidar”. Assim sendo, tal imperativo, o da transparência, leva a que o falante goze dela sem saber a opacidade que a habita. Vale a pena conferir o texto do colega catalão!
Na sequência, a equipe do boletim Persiana Indiscreta apresenta a resenha do livro de Paula Sibilia, O show do eu: a intimidade como espetáculo, no qual se podem conferir os efeitos de uma “publicização do privado”. Marcela Antelo, responsável pela resenha, nos indica quão proveitoso teria sido se a autora tivesse podido usar o termo “extimidade”, como Lacan o fizera em momentos pontuais do seu ensino ou Jacques-Alain Miller em seu curso de 1985/86, que recebeu como título esse termo. Diz respeito a um tratamento ao que é do campo do gozo. Entretanto, a resenhista não se furta em recomendar a leitura do livro, que “esparrama a intimidade sobre o papel”.
O entrevistado deste número, Ciro Salles, ator e apresentador, responsável pelo reality show CatFish Brasil, além de analisar, a partir de sua experiência, o comportamento virtual das pessoas no campo afetivo, no qual não há padrão, ilustra, com clareza, o exposto nos textos anteriores. Da mesma maneira o faz Marcelo Veras no livro recém-lançado Selfie, logo existo!
A leitura pode ser na Intimidade! A indicação, que se torne pública!
Ao trabalho!