1 – Loucuras ordinárias
As psicoses ordinárias contemplam uma alternativa à clínica psicanalítica binária: neurose ou psicose, obedecendo a uma nova concepção, baseada na passagem do universal da classificação ao caso a caso – o sujeito psicótico, assim como o neurótico, encontra uma solução singular de gozar e de fazer “laço social”.
Para se chegar a um diagnóstico devemos escutar os indícios da desordem no discurso do sujeito, quando este fala da sua vida, considerando as relações com o corpo e com o Outro social.
2 – Loucuras extraordinárias
Supõem a existência do Outro que falha. São as loucuras da época do primado do simbólico, que diferenciava e organizava a clínica: binária e descontínua. O desencadeamento das psicoses extraordinárias opera sob o marco da foraclusão do significante Nome-do-Pai, repercutindo como um furo na significação fálica. O simbólico, que estabilizaria o mundo imaginário instável, fracassa. Em consequência, temos a apresentação do significante no real e a insuportável presença da linguagem fora do sentido. A reparação se dá pela metáfora delirante, como a forma possível de organizar o mundo. Trata-se de uma lógica centrada na função da exceção: Nome-do-Pai, sim ou não.
3 – Loucuras e Arte – amarrações possíveis
A relação entre psicanálise e arte em sujeitos cujo dilaceramento do corpo os impulsiona a transformar a dor em criação artística, possibilita investigar a relação entre sofrimento e criação, obra de arte e o real da dor. Nesse sentido é possível enfatizar uma articulação entre as produções atípicas também denominadas de “Artes Virgens” ou “ Artes Brutas”, examinando a singularidade do sujeito a partir de uma presumível amarração diante do real impossível de suportar
4 – Loucuras e Sexuação
Sob essa rubrica buscamos investigar o quanto a lógica da sexuação subverte qualquer tentativa de inscrever o real do sexo no plano das categorias de identidade sexual, de gênero e afins. “Loucuras” do lado masculino em seu apelo ao universal, “Loucuras” do lado feminino na resistência em se fazer caber na chave fálica; ambas apontam para aquilo que escapa ao imaginário do corpo e do sentido. O que a clínica tem nos ensinado sobre esses cruzamentos entre loucura e sexuação?
5 – Loucuras e Toxicomania
A mudança de paradigma na clínica psicanalítica abre espaço para ler a toxicomania como uma solução ordenadora de gozo. Um possível equivoco gerado pelo uso da droga permite à psicanálise apostar em uma produção, intermediada pela palavra, para além do encontro anunciado com a morte. Casando o atual paradígma com o paradigma freudiano, cabe investigar como se dá a articulação entre a loucura advinda do recurso à droga e o “rompimento do casamento com o pequeno pipi”.